sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Da crítica à observação experiencial estética.

Na probabilidade de expressões acerca de obras artísticas recorremos a forma magna das literaturas, a partir daquelas que trabalham visões escolares artísticas até publicações mais livres sem cunho erudito, ou seja, acadêmico. A frase longa que acabo de escrever bem expressa o esforço que existe em explicar consolidando argumentos, referências e muitos outros recursos para elaboração do discurso. E assim, continuo a fazer o mesmo nessas frases que prosseguem. Quase o mesmo, pois preciso modificar. Estou transtornando, revolvendo.

Pronto, comecei: a linha tênue e vibrante da poética, da sensibilidade inicia. Os planetas das regras e leis entram em choque. Amargedon de conceitos. Pronto: o jogo é feito. Ei-lo, viril, o discurso catártico das impressões do artista numa confabulante atividade sensorial, lúdica, louca. Minha fala meu som, minha rima, estética, verborrêica, neologista, descobriologista e...intensamente experiência estética. Hora com a memória, hora com o acervo colecionado das múltiplas referências. É deter-se, capturar pelo objeto num pormenor audível apenas para os cães. Uma linha frenética de sensação. Assim que a crítica cai sobre a visão, esta imediatamente evapora e fica o limo, a parte densa da percepção.

Esse contexto se aplicado as variadas formas da percepção do cotidiando surgem desafiadores, inclusive para a construção de uma novidade no planeta dos ex-macacos. É de Merleau Ponty a máxima "O verdadeiro Cogito não substitui o próprio mundo pela significação mundo." Mas a carga de envolvimento e produção sensorial é deveras díficil. Mas é elegante. O ser no mundo é uma soma de reflexos? Ele pode ser tratado como tal? Não podemos nos cansar agora com teorias da significação. Dá para entender porque não é possível o caráter legalista consumir a revelação crítica. Tais quais críticos de cinema, que ao redor dos especialistas (nesse contexto são aqueles que fazem cinema) se reviram em árbitros para dizer um-algo-não-sei-o-que sobre os diversos dramas peliculares de um filme. Mas o que lhe causa? Nada. Apenas uma sombra veloz de charme transeunte definido pela função. Supermercado de palavras. Nunca provocadora, porque no dia que forem serão uma observação experiencial estética e não mais a forma crítica estragada pelas palavras.

Como possuir e realizar? As vozes da sensibilidade e o acervo pessoal dão as linhas.

Observe:



Escrevi:
O corpo se defende da expressão gástrica do rosto. Um leve silogismo estético da Decadènce. Perfeito istmo ainda da linha que separa as coxas. Sob o provocativo tornozelo pernas impactantes com coxas sobressalentes e mais fortes que o resto do corpo. Aliás, essa imagem se fortalece decisivamente na expressão das pernas. A quebra da cintura uniformiza a padrão comercial a la Victoria Secret ou simples deboche para sustentar a quebra charmosa no tronco-eixo-pescoço. Enquanto a parte de cima tenta se resolver entre a depressão e nostalgia o resto do corpo é pura alegria. Numa vibração paradoxal de lúxuria, discrição e sensualidade. O raso do peito para mim é perfeito, sóbrio e andrógino. Crus, os botões dos lábios destonalizados do rubor fazem par perfeito com a luz que captura esses olhos desdenhantes do tempo, do que lhe fizeram ou vão fazer. Por sobre os ombros alguns cabelos desarrumados falam do casual e exibem a sátira angustiante para as beldades de chapas. Se fosse real diria que está em dores de amor.

É possível que o mundo das avacalhadas beldades, tidas como superficiais, consigam traduzir algo mais que além do ideal consumista de beleza. Depende, é claro, que quem vê e como vê.