terça-feira, 19 de agosto de 2008

Brasil versão 3.1


A escalada do Brasil a provável ascensão ao primeiro mundo, conforme algumas especulações dos clippings midiáticos, não passa de mero factóide. O que existe, no máximo, se aprimora numa versão re-configurada de terceiro mundo. Talvez adentremos num modelo avançado do programa mais tumultuado e bem sucedido dos governos: A Desigualdade Social.

O quanto representa a América Latina na discussão contemporânea mundial? Senão pelas FARCS, Floresta Amazônica, caos econômico argentino, operário Lula no poder, a fogueira do inferno ardendo no Rio de Janeiro e o performático ditadorzinho meia-boca da Venezuela, de que vale a mídia do continente? O que tem para ser mostrado ao mundo?

Vamos ao BRIC. A China tem duas coisas o crescimento econômico cavalar e as olimpíadas de 2008. A importância da China é injusta ao lado do Brasil no BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). Juntos, estes países, possuem o equivalente ao PIB dos EUA[1]. Caso retrate as vitrines dos outros, Rússia e Índia, existem sentenças ainda mais inciumadoras para o País do Futebol. O que o Brasil está fazendo na lista do BRIC? Ah, são os números! Números que aparentemente impressionam, mas com quem estão os dígitos? Mais de 60 milhões de brasileiros desconhecem os três dígitos. O resto não saiu desses. Resta uma questão: que é crescimento? O Brasil é realmente um país que cresce? Emergente?

Recentemente as notícias febris são: “Os novos milionários brasileiros[2]”, “A evolução capital das bolsas” e “O monstro da inflação que ameaça cuspir o fogo da remarcação de preços nas prateleiras de consumo”, ao mesmo tempo que o mês de junho foi duro para as ações da Petrobrás, Vale e Banco do Brasil. Os trombadinhas que roubam essas bolsas vêm de fora. Mas o Brasil está num estado crítico mesmo, pouco tempo atrás se propagava à independência em Petróleo, mas os preços das bombas continuam subindo e as inteligências internacionais falam do etanol para substituir a este. O próprio Brasil acaba de incrementar ações de investimento nas plantações de cana[3]. Inexplicável.

Vivos, Cazuza e Renato Russo entrariam para o congresso nacional, tal como Clodovil. Pelo menos só por chacota e rebeldia. Este último parece exercer um mandato sensato, ao menos polêmico já que pleiteia uma votação para reduzir o número de deputados na casa. É a piada pronta.

O congresso nacional infesta-se de piratas. Mas a política é assim mesmo, suja, imperfeita e cospe no chão. A mesma política que insiste em resolver os problemas da corrupção com CPI´s que não dão em nada e servem de consolo para o gado no pasto. E vamos assim pastando com a conversa mole deles e achando que estamos crescendo e desenvolvendo, na embarcação gerundista nas balsas do progresso rumo ao mundo versão 1.0. Talvez o primeiro em projeções fajutas, seguidos pelo resto de mentiras venezuelanas, colombianas e castristas. Aqui o que se fala não se escreve e o que se escreve não se lê porque o povo é analfabeto. A grande massa sabe nada de nada. E o nosso país, candidato a cargos e representações nos grupos dos países do primeiro mundo possui uma população alheia a tudo. Alheia aos seus direitos, à alfabetização, noções básicas de saúde, constituição familiar, formação ocupacional e dos diversos tipos de inclusão social. Só sabe receita de bolo.

Mas outra coisa imbecil é o conceito de país de primeiro mundo. Esses também são os grandes fraudadores da humanidade, são os mais controladores, poluidores e atomicamente perigosos. E os de segundo? Desmontada a guerra-fria restou esse vácuo classificativo, do qual nada mais se espera, senão a declinação aos poderes de consumo. Mesmo se for o de armas.

O Brasil é tão subdesenvolvido que nem terrorista tem. Aliás, tem. Estão todos no poder e detonam as bombas na imprensa e no povo.

Fora o humor negro, ainda resta a América Latina. Melhor que o Brasil, em certos status, a Argentina ainda resvala em cinco prêmios Nobel[4]. Viva o Brasil com o seu Prêmio Jabuti[5] em que megas-editoras tomaram conta da porra toda e não dão nenhum espaço para produções independentes. Vendilhões das Academias de Letras.
PS: Não podemos ainda nos esquecer dos vinhos chilenos e das ruínas de Machu Picchu no Peru. Vitrines mundiais. 800 mil turistas por ano visitam este patrimônio histórica da humanidade.

Bom mesmo será a competição olímpica chinesa que trará ao mundo as cenas estético-pirotécnicas de um gigante asiático que promete para um futuro não muito distante propor uma nova classificação de mundo. Talvez mundo versão 1.3. Com seus um bilhão e trezentos milhões de habitantes, revolucionando as forças mundiais. Será engraçado o chinês instrumental substituindo o inglês nas escolas. Visagem? Só sabemos muito pouco do idioma chinês porque até hoje esse país é fechado para a inclusão digital.

Estamos longe de sermos sujeitos ordinários de primeira grandeza. Precisamos enxergar nossas situações profundas de aparecimento e continuísmo. Somos um agrupamento equivocado, com alguns poucos representantes de causas reais.

É impossível construir uma nação perfumada e a motivação nunca será essa. Ao menos é preciso que as coisas gritantes encontrem o cemitério, que os marginais do poder se despeçam do planeta e dêem lugar a um corpo novo, mais consciente, menos pasteurizado ou carinhoso ou indolente. Menos swan e mais status para um povo que amarga e cujo número de representação é o zero à esquerda no país que se re-descobre na sua versão aprimorada de caos, discrepância e miséria. Mais inteligência e menos tentativa-e-erro.

Na virada da maré mundial, em que centros de poder se reinventam e novos candidatos avançam, caso o Brasil instale essa versão Mundo 1.0 pode apostar: não vai funcionar, vai dar pau.

[1] http://pt.wikipedia.org/wiki/BRIC
[2] http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u362928.shtml
[3]http://www.amazonia.desenvolvimento.gov.br/index.php?option=com_content&task=blogcategory&id=1&Itemid=59&limit=9&limitstart=9
[4] http://www.argentina.ar/_pt/ciencia-e-educacao/C281-nobeles-argentinos.php?idioma_sel=pt
[5] http://www.premiojabuti.com.br/BR/index.php